terça-feira, 18 de março de 2008

Sexo em parque de Amsterdã ainda é caso de polícia

Arnild Van de Velde - Direto de Amsterdã, Holanda

Que a Holanda cumpre bem seu destino de país moderninho "à vigésima potência", estamos carecas de saber. Ainda que muito mais por lenda do que realidade dos fatos, este é o país do "É proibido proibir": dos coffeshops e suas ofertas de maconha, das prostitutas na vitrine, do casamento gay e do Partido dos Animais, da eutanásia, onde pedófilos mostram a cara e - desde a semana passada - o primeiro a liberar o sexo em parques públicos, segundo notícia que corre o mundo à velocidade típica dos boatos.
Manchete de jornais, portais e sites de todo o Ocidente, a informação, porém, é uma meia-verdade. Embora tida por muitos como a capital mundial dos prazeres, transar no parque continua sendo um atentado ao pudor tanto em Amsterdã quanto em outros recantos caretas "à vigésima". Uma vez flagrados pela polícia, envolvidos em atos sexuais são notificados e multados individualmente, a um valor mínimo de 130 euros (algo em torno de R$ 325). Pagar in loco não é contudo obrigatório: a multa, claro, pode ser confortavelmente recebida em casa. "Liberou geral", como anunciado no Brasil, coisa nenhuma. Por enquanto, os bons costumes continuam valendo.
O mal-entendido começou com uma sugestão do vereador do Partido Verde Paul van Grieken, da região Administrativa de Amsterdã conhecida como "Sul Velho". Ali está localizado o Vondelpark, maior área verde da capital holandesa (visitação anual estimada em 10 milhões de pessoas) e tradicional ponto de encontro noturno gay. Bastou os verdes anunciarem a idéia e a velha fama da Amsterdã das mil e uma loucuras fez o resto: a partir de então fazer sexo ao ar livre passava a ser mais um tabu quebrado pelos holandeses, para deleite de alguns e escândalo de outros.
De quebra, anunciou-se que os cachorros em passeio pelo parque continuariam obrigados a portar coleiras, como um contraponto bizarro à novidade. Esqueceram do curioso projeto de um outro partido político, o SP de Tilburg, que quer registrar o DNA dos animais para identificar o dono que não recolhe as fezes que seu cão deixa nas rus. Uma idéia que assustaria ainda mais, se pensada para os amantes que não recolhessem a camisinha, como recomendado na proposta de van Grieken.
"Não há razão especial para que pessoas se sintam no direito de confrontar crianças e famílias com suas atividades sexuais", declarou a porta-voz do partido CDA (sigla holandesa para "Apelo Democrata-Cristão"), Marleen de Pater. Falando a Terra Magazine de Haia, Pater disse que seu partido espera que o prefeito Job Cohen tenha a mesma energia para lutar contra este plano, como tem tido para combater o crime resultante da tolerância à prostituição.
É Cohen o capitão da chamada "moralização de Amsterdã", ou a reorganização do bairro da Luz Vermelha, onde além das prostitutas na vitrine, reina também o crime organizado e o tráfico de drogas pesadas - também tão proibidas na Holanda como em todos os demais países. A parlamentar e mãe de dois adultos acha que, se preciso, deve-se pressionar Cohen, para que uma coisas dessas "não aconteça".
Para Grieken e seu partido, descriminalizar o sexo em lugares públicos seria admitir politicamente e em definitivo, uma "coisa que já vem acontecendo desde sempre", como disse o porta-voz do Conselho Municipal de Amsterdã "Sul-Velho", Klaas Dirk Bruintjes. Coibir o "cruising" - a paquera gay - no parque é tapar o sol com a peneira, e põe em risco a integridade dos que buscam a natureza para encontros românticos. No parque, tal movimentação acontece sempre quando já está escuro e as crianças já deveriam estar dormindo, lembrou. "Isso não mudaria. Quem for pego violando as regras, vai responder por isso".
Bruintjes revelou que o plano é parte mínima de um outro "muito maior", que pensa o futuro do parque como uma área dinâmica, moderna e plena de recreações. Ainda de acordo com ele, 70% dos moradores da capital concordariam com a idéia, que ainda precisa ser discutida pelos conselhos da cidade e a população. Enquanto aguardam, os verdes tentam ganhar apoios nas demais cidades holandesas, já convidadas a aderir ao projeto.

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2685642-EI6580,00.html

Ta parecendo bem fofoca. Cada conto aumenta um ponto. Mas mesmo assim eu continuo querendo ir pra Holanda!

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