segunda-feira, 17 de março de 2008

Eu deixei o Daniboy morrer

Mais um fim de semana de festival. Acordar cedo, ajudar a cuidar da casa, almoçar, lavar a louça do almoço, tomar banho e sair pra voltar qualquer hora.
Ela não sabia direito que bandas tocariam e nem onde exatamente seria, mas estava segura de que chegaria, pois seus amigos sabiam onde era!
Andando e andando sob uma tarde normal de calor anormalescamente insuportável depois de virar algumas esquinas de longe no fim da rua se viam as pessoas. E conforme foram chegando mais perto ela reconhecia o rosto de seus outros amigos, mas além deles, grupos de pessoas desconhecidas – inclusive alguns malacos-.
Com tantos abraços e cumprimentos já não tinha certeza se estava acompanhada ainda e seguiu entao pra ver derrepente se já havia alguma banda se apresentando.
Estranho e demorado foi entender que o palco na verdade ficava dentro de uma casa pequena cuja frente estava tomada de pessoas que bebiam e conversavam alegremente, ali mesmo, onde se encontrou com seus amigos e a medida que se aproximava da porta reconhecia mais alguns.
Logo que pôs os pés no primeiro degrau da escada sentiu um mal estar, mas não hesitou em prosseguir e logo que firmou o segundo pe no ultimo degraus ouviu de algum lugar uma força maior e absoluta que a mandava ler. Ler, simplesmente ler como se essa fosse a coisa mais importante de sua vida, como se caso ela não o fizesse em segundos estaria morta, como se ler naquele momento fosse tão vital quanto respirar.
Disposta a não correr o risco sofrer alguma possível punição por não obedecer a essa voz absurda que só ela parecia ter escutado, instantaneamente abriu a bolsa que como sempre tem um livro, o puxou de qualquer jeito e procurou um lugar pra sentar ali pela porta mesmo, pois em pé provavelmente cansaria.
Quando ela sentou algo dentro de si a dizia incessantemente:
Leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia...
E ela entao procurou continuar, mas seu ouvido estava atento a tudo e conseguia captar todas as vozes, talvez ate mais do que antes e assim sem parar de ler apenas ouvia as coisas e em sua cabeça traçava um roteiro das coisas que aconteciam.
Telepaticamente tomou por conhecimento que a sua frente havia a porta que dava acesso a um quarto, um quarto com uma cama de casal, e neste local todas as pessoas eram conhecias e se tratavam com alegria, brincadeiras e beijinhos de boas vindas, e nessa cama havia uma garota de aparência singular gritantemente notável. Porém estava sozinha ninguém que por aquela porta passava a cumprimentava, faziam todos questão de a ignorar, mas isso parecia não fazer a menor diferença pra ela pois mantia ares e poses de superioridade, a quase todo tempo apoiava seu corpo com as mãos pra traz e pernas cruzadas. Uma coisa era certa, ela não era querida pelas pessoas que ali estavam.
Leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia...
E ela lia, lia e lia com temor a sua vida, sobretudo.
Passou um tempo incontável, (daqueles que não se pode dizer que foi muito, pois pode ter sido impressão, nem que foi pouco, pois também pode ter sido impressão) ate ela ouvir a voz de um amigo querido que foi se aproximando cada vez mais, subindo as escadas, passando a sua frente e entrando no quarto.
Leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia...
“O que ele foi fazer la?”.
Ela pensou. E por pura curiosidade tentou prestar mais atenção ainda na conversa deles. E telepaticamente outra vez ela soube que ele tentou a abraçar. E o que a garota estranha fez ela soube instantaneamente.
De todo esse tempo a primeira palavra que ela ouviu sair da boca dessa garota teve um efeito negativo e contrastante com o que Daniboy vinha lhe oferecer, um abraço. Era o mal despejado nela, não havia nada de bom nela, mas mesmo assim o Daniboy foi até ela, mesmo sabendo disso.
Abruptamente essa garota saiu do quarto xingando o garoto que fora lhe oferecer carinho. O deixou sentado na cama como os cotovelos fincados no joelho servindo de apoio para as mãos que seguravam uma cabeça pesada cheia de negações.
Leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia, leia...
E ela não parava de ler. Nessa hora entao ficou com vontade de levantar pra ir falar com o amigo, mas não conseguia, apenas lia, outros amigos se encarregaram de ir ate o quarto e o aconselharam a deixar aquela garota.
Aí que ela percebeu que eles eram namorados, pelo menos na cabeça do Daniboy sim. Como ele teria conseguido esse feito? Virar escravo alienado de um sentimento encurralado que não passa de sua caixa craniana? Se muito se estende falsamente ao peito, mas mesmo assim não extravasa...
Visto que nada o convenceria, seus amigos o deixaram e novamente ela queria muito levantar e abraça-lo, mas não podia, tinha que ler e ler. Sem nem chegar ao 10 caso houvesse começado uma contagem àquela garota gelada por dentro sobe as escadinhas da casa rumo a cozinha onde a garota que lia notava tudo sem nada poder fazer, sentiu a outra garota passar e pela ultima vez por telepatia soube de alguma coisa, a garota estranha tinha um punhal escondido e estava indo ate o Daniboy, quando o encontrou na mesma posição de quando havia o deixado no quarto ela beijou seu rosto e o puxou pela mão com uma cara amorosa que ate parecia querer o acolher de certa forma. E ele se levantou, na mesma hora a garota que lia tentou falar pra ele não sair com a garota estranha pois ele não voltaria mas ela nem abrir a boca conseguia abrir. Os viu passar em sua frente em direção ao segundo quarto, viu com lágrimas nos olhos a garota estranha pegar o punhal e fechar a porta de forma que Daniboy nada notasse. E a garota que a tudo lia sabia que nunca mais teria um abraço daquele amigo porque ia morrer naquele minuto e em sincronia com esse pensamento como um ato porcamente emendado... O grito de Daniboy despedaçou por dentro a menina que lia, porque ela sabia que ele morreria, mas ela nada fez.

E entao digo com sentimento de culpa: Eu deixei o Daniboy morrer.

2 comentários:

Daniel Bambinetti disse...

meu grito foi do tipo......AIIIII COMO DÓI xD
UAHuHAuhA
cara
tadinho de mim uHAuHAuHAuHAuhauhauAHuah
mas mto bom mesmo x)
;****

disse...

eu li o texto lá em baixo, onde fala sobre sexo livre!
ahsuiahsuiahsuiahsiuh
comentei tb :D
tá add ju :**